terça-feira, 6 de abril de 2010

Chuva

Uma Chuva que parou o Rio. Trouxe o caos para muitos, e o ócio para outros tantos. E no meu caso, ao me faze parar, me fez pensar.

Vivemos em uma cidade maravilhosa. Tão linda quanto submersa. Submersa na desordem urbana, na violência, na falta de planejamento. Resultante de uma equação que todos conhecem, mas ninguém sabe resolver. Quem deveria solucioná-la, dá nota zero para o atual estado da cidade. Então, qual a nota do prefeito? Tá bom, a culpa não é só desta gestão. Mas é desta gestão também. O que é fato – e clichê – é que nós pagamos a conta. Talvez por não escolhermos direito.

Nós, sortudos por não sermos assolados por fenômenos naturais mais perigosos, como furacões e terremotos, sofremos com outra arma da natureza: a autodestruição. O Rio é como quase toda grande cidade global, só que alguns problemas gritam mais alto. E quase todos estes decorrem do nosso descuido com o nosso próprio meio. Uma mentalidade que prioriza o “eu” e apaga o “nós”. A não ser no discurso de protesto, ou no horário eleitoral.

Mas a chuva não é só notícia ruim. Chuva é vida no campo. É refresco na garganta. É alívio no calor. É esperança na seca. É fundamental no ciclo da vida.

Aliás, a chuva é uma perfeita metáfora para o homem. Ela não é boa nem ruim. Ela é capaz de ser boa ou ruim, dependendo das circunstâncias. Ela nutre a beleza e alimenta o caos. É fruto das circunstâncias, porém, é determinante também. É parte de um todo, apesar de nós insistirmos em enxergar este todo por partes.

No fim das contas, chuva é só uma palavra, representante de uma idéia.

Tá na chuva que cai lá fora, enquanto eu olho pela janela e choro. Ela chove sem parar. Tem ritmo. “Mas só chove, chove”. Quando passar, é só abrir a janela e ver o sol.

Tá na chuva de gols do Messi, que a chuva me fez testemunhar.

Se chover na horta, é bom. Mas se chover no molhado, é desperdício.

Você pode tomar um banho de Lua, mas se esconda durante uma chuva de meteoros. Ou gostar de ver as nuvens de algodão, que, ácidas, podem corroer.

Como tudo em excesso, chuva demais faz mal. Eu não recomendo.

Mas não tem jeito.

Ou melhor, tem. Reclama com o Sol, que é um dos culpados. Tão poético e contraditório quanto.

Bem, nesta briga eu não me meto. Melhor ficar fora da órbita, debaixo da minha camada de ozônio para não queimar meu filme.

2 comentários:

  1. Gostei do texto, xará. Os últimos parágrafos parecem saídos do "Comentário Geral". Saudades? Abs. Alexandre (pesquisa).

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  2. "Ela nutre a beleza e alimenta o caos. É fruto das circunstâncias, porém, é determinante também. É parte de um todo, apesar de nós insistirmos em enxergar este todo por partes."

    Lindo.

    Você não devia parar de escrever nunca.

    :*

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