segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Samba do Avião de Buenos Aires

Domingo, 9 de maio de 2010. Avenida Gallo (esquina com Av. Còrdoba) 955, 21° andar, apartamento 1, Recoleta/ Barrio Norte - Buenos Aires. Era de manhã. Em poucas horas, eu embarcaria de volta pra casa. Peguei a última garrafa de vinho que sobrara, sentei na varanda do apê e senti uma doce tristeza. Doce pela nova paixão, triste por deixá-la. Decidi escrevê-la.

Ah, Buenos Aires!

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Não, não estou no avião. Não ainda. Muito menos isso é um samba.
Mas dói te deixar, Buenos Aires!
Minha alma cantou desde a primeira vista. E já estou morrendo de saudades.

Das tuas ruas ruidosas, pero no mucho.
De sus Calles Floridas, abundantes em cores.
Varandas que se debruçam em ruas estreitas, te convidando para entrar e tomar um vinho.
Caminhos traçados em passos fortes, dramáticos como num tango pulsante nas veias asfaltadas da cidade-corazón.

Buenos Aires de lua térrea, que deixa o céu azul-rosado no fim de tarde para beijar el Río de la Plata.
De um ar incrivelmente puro e gostoso de respirar, mesmo sendo uma metrópole.
Talvez por ser uma grande capital da cultura.

Onde mendigos recitam García Márquez e taxistas discutem música erudita.
A arte é uma filosofia de vida. Uma obrigação porteña.
O argentino respira arte, mas, na bola, é a arte da guerra.
Com sangue gaúcho e espírito indígena, ele não joga - ele luta.
Assim como pinta, canta e escreve.
É um povo que esbraveja!

E, talvez, por isso, me diga tanto. Berra o que minha boca silencia.
Palermo, Recoleta, San Telmo, Puerto Madero.
Boca, Caminito, Plaza de Mayo. Xeneize, Millionário. Milongueiro.
Porteño.
Esse não samba é só por que; Buenos, gosto de você; a galega vai passar; e como um tango, me rasgar!

Estou apaixonado por você, Buenos Aires!

Palavras de um cariôca muy borracho!

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